22 de dez. de 2009

Minha Terra

Repousa os pés na estrada

a cada passada
o nosso descanso é cruzar fronteiras
Minha terra tem palmeiras
mas eu nunca vi
tem palmares, tem quilombos
xavante, tupi
Minha terra tem aldeias
mas eu nunca vi
onde o vento é quem semeia
o alimento guarani
Minha terra tem lugares
que eu nunca fui
densas matas, tenros vales
onde a água flui
Minha terra tem estradas
minha terra tem estribos
Sou índio da cidade
desertor de minha tribo
ser urbano jogado no mundo
ser mundano perdido na urbe
um sulamericano perdido
que não quer ser mais um no cardume
Sou vagalume, sou vagalume
vejam minha luz!
Essa terra tem mil deuses
um deles que me conduz
essa terra tem canções
essa terra tem cantigas
mas o ouro dos brasões
veio abrir nossas feridas
Essa terra é muito antiga
essa terra é muito antiga
Repousa os pés na estrada
a cada passada
o nosso descanso
embalado pelo canto
em qualquer canto
desbravando os brasis
se as veias estão abertas
seremos a cicatriz

Poema de Marcus Vinicius (http://versosevasos.blogspot.com), o Mascote da Expedición Donde Miras - Caminhada Cultural pela América Latina (www.expediciondondemiras.blogspot.com).

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