30 de dez. de 2009

Bertioga, uma incognita



Estamos quase saindo de Guarujá pra ir pra Bertioga, o problema é que ainda não conseguimos um local em Bertioga pra montar nosso acampamento, se alguém conhecer alguém, entre em contato!

Ontem rolou a bicicloteca mais popular que já foi feita, a criançada realmente devorou os livros que distribuímos nas ruas de "Vicente de Carvalho", que só não é um município por formalidade, pois não tem nada a ver com Guarujá.




À noite encontramos alguns problemas técnicos pra montar o som, mas apesar dos perreios rolou o primeiro sarau da caminhada, na praça 14 Bis, na Av. Santos Dumont, que inventou o avião e se matou em Guarujá.







A caminhada tem suas surpresas, e é por isso que caminhamos, fecho este sinal de fumaça com a foto do nosso chuveiro improvisado.

29 de dez. de 2009

O Pré-Sal e a soberania nacional

Caminhantes e convidados debatem o Pré-Sal no segundo dia da Expedición Donde Miras


No seu quarto trecho, que compreende a região de Santos (SP) a Paraty (RJ), a Expedición Donde Miras caminha sobre terras peculiares: a região do Pré-Sal. A reserva petrolífera, mapeada recentemente, constituiu-se na separação da Pangéia – a imensa massa terrestre que separou-se e formou os atuais continentes – entre a América e a África. Algas azuis soterradas debaixo de sal foram amalgamadas ao longo dos milênios e resultaram em imensas aglomerações de petróleo de qualidade. O sal serviu como uma “tampa”, o que permitiu a maturação do petróleo. A camada está a 7 km de profundidade a partir do solo marinho e consiste em um volume monstruoso de óleo, principalmente na bacia de Santos (que vai desde Florianópolis ao Espírito Santo). A partir dessa descoberta, o Brasil pode passar a constar entre os três principais produtores de petróleo mundial.

Anderson Mancuso, diretor do Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista, foi convidado pela expedição para fazer uma apresentação sobre o tema. O encontro ocorreu no alojamento dos caminhantes em Santos e resultou num interessante debate. Anderson defende que o Pré-Sal não é uma discussão restrita – deve ser feita por todos os brasileiros; e não é isolada, por ser transversal a diversos temas estruturais, entre eles a soberania nacional, questões ambientais e sociais. “Esse é um momento ímpar, pois fomenta a questão da soberania nacional: continuaremos entregando nossas riquezas?”, provoca Mancuso.

O diretor acredita que hoje a geração de energia está voltada para a produção de lucros, não para suprir as necessidades sociais. Essa é uma oportunidade para revermos a lógica de exploração dos recursos e o investimento público resultante. A descoberta do Pré-Sal faz do Brasil um alvo internacional, por isso é necessário desenvolver um projeto político de gestão das nossas riquezas naturais como um todo.


A legislação e a soberania

O atual modelo de exploração do petróleo brasileiro data de 1997, quando o governo de Fernando Henrique Cardoso quebrou o monopólio estatal. Tal postura bate de frente com os princípios da campanha O Petróleo é Nosso, que em 1954 resultou na fundação da Petrobras. O modelo de concessão de FHC consiste no mapeamento dos blocos petrolíferos e sua venda por meio de leilões, cuja dinâmica é controlada pela Agência Nacional de Petróleo (ANP). A empresa vencedora deve cumprir uma série de etapas, mas grande parte da produção fica para o capital privado – pouquíssimo vai para o Estado.

A contradição é que o petróleo é um bem público, não privado. Por isso o modelo atual não condiz com a histórica luta popular pela soberania energética. Mancuso explica que Lula perpetuou o modelo de FHC – o governo petista afirma que na época a lei era apropriada (apesar de que a contestava naquele momento), mas que agora deve ser aprimorada devido ao Pré-Sal. “O filé mignon do Pré-Sal, concentrado em 30% de suas reservas, já foi entregue para multinacionais”, denuncia o sindicalista.

Alguns projetos de lei que buscam avançar na questão da soberania energética já passaram pelo Congresso Nacional. Um deles estabelece o modelo de partilha (“modelo híbrido”), no qual a empresa que ganha a concessão é aquela que cede mais para o Estado - uma espécie de barganha. Contudo esse modelo valerá somente para as áreas ainda não exploradas. Mancuso acredita que esse sistema mantem a lógica de entrega das nossas riquezas naturais. Já Bruno de Tarso, militante do movimento estudantil e participante da caminhada, defende que o modelo de partilha já é um avanço. “O ideal seria que a Petrobras voltasse a ser 100% estatal e obtivesse o monopólio de exploração do petróleo nacional. Mas como isso não é possível na atual conjuntura, o modelo de partilha ao menos direciona parte dos recursos ao poder público”, argumenta.


Construção de um novo projeto

O debate comprovou o que Mancuso havia dito: a discussão do Pré-Sal é transversal a diversos temas e diz respeito a toda a sociedade. Ana Estrella Vargas, socióloga e caminhante Donde Miras, questionou inclusive se devemos explorar o petróleo. “O que acontece quando tiramos essa substância tão profunda que está há tanto tempo sendo produzida pela terra? Quais os efeitos colaterais disso?”, indagou.

O fato é que os danos ambientais são irreversíveis, por isso temos que repensar nossa lógica e encarar o Pré-Sal como um recurso estratégico a ser explorado com responsabilidade. “Temos que transpor a visão produtivista e pensar em novas formas de energia, inclusive utilizando os recursos advindos do próprio Pré-Sal para desenvolver novas tecnologias”, indica o sindicalista.

A crise que enfrentamos não é somente econômica, mas estrutural. Por isso a urgência de construirmos novas formas de relação entre os seres humanos e destes com o meio. Existem várias pessoas se dedicando a criação de um projeto alternativo. A Expedición Donde Miras alimentará esse debate ao longo da caminhada, pois também entende que esse tema diz respeito a todos nós. Todas as formas de conscientização podem fazer parte desse projeto – o desafio é conseguir de fato dialogar e construí-lo coletivamente.



Por Michele Torinelli
http://miradas.soylocoporti.org.br

28 de dez. de 2009

Chegamos em Guarujá


Ontem não houve sarau, a chuva nos impediu. De dia 4 pessoas do Sindicato dos Bancários e do Sindicato dos Petroleiros, Flaviano, Mancuso Satoshi e a Franciele, fizeram uma palestra sobre o pré sal, antes disso assistimos o filme "O Petróleo é nosso". À noite assistimos "Brazil: precisa-se de um interprete" com o diretor André Lopes, depois da palestra e do filme fizemos um debate caloroso sobre assuntos diversos.

Hoje saímos do Morro Nova Cintra em Santos
andamos até o Canal


dali chegamos na praia e andamos pela orla (choveu chuva pesada) até a Balsa
que nos trouxe até Guarujá, pegamos uma avenida que não tinha fim, mais chuva... daí descobrimos que existem ciclistas que andam com guarda-chuva. Chegamos na Sociedade Amigos de Paecara, já estamos acampados.

Temos sarau marcado pra amanhã à noite.

27 de dez. de 2009

Dia 26 de dezembro

nosso vídeo de abertura da quarta expedição

Notícias do Caminho

26 de dezembro. Somos, por acaso, 26 caminhantes... Entre nós poetas, atores, dançarinos, músicos, cineastas e outras possibilidades de criação artisticas.

Saímos de São Paulo e fomos transportados da periferia sul ao litoral santista por um ônibus grande e a diesel. Desembarcamos no morro Nova Cintra, também periferia e aqui começaremos mais uma etapa da Expedição Donde Miras, uma caminhada cultural pela América Latina.  

Nosso destino? Paraty! Para mim! Para nós caminharmos a pé de Santos a Paraty, passando por várias cidades do litoral norte paulista.
Nosso objetivo em caminhar? Encontrar nas cidades e nos caminhos que nos levam até elas, outros como nós, interessados em romper com o modelo de vida servido nas antenas de tv. 

Caminharemos um pouco mais de 300 km em busca de um brasil desperdiçado e em conjunto com seu povo realizar Saraus artísticos nas praças públicas, chamando as pessoas pra rua, buscando o sorriso das crianças, acendendo fagulhas nas nossas pessoas tão maltratadas por alguns poderosos do dinheiro.

Nosso trajeto tem a marca do pré-sal, o novo combustível mais especulado do mundo. Nós brasileiros, o que temos com isso? É outra coisa que queremos descobrir... mas principalmente queremos encontrar as pessoas, que são uma fonte de energia cósmica que quando emanada, não acaba, multiplica.

Pé na estrada

Onze horas da noite do dia 26 de dezembro na rodoviária de Curitiba. Malas, corpos, confusão e ansiedade. Para onde vão todas as pessoas? Sonhos, obrigações, reencontros, destino e vontade. O limbo daqueles que ainda não foram.

Minha ansiedade mira. Os andarilhos já haviam saído de São Paulo para a largada oficial de mais uma caminhada da Expedición Donde Miras, o quarto trecho, agora de Santos a Paraty. Ânsia de passos, versos, cores e timbres. Será um mês de caminhos percorridos, saraus, poesia, fotografia, cinema e teatro - cultura a cada passo.

Meu ônibus percorreu as horas mortas paranaenses e paulistas. Pinga lá, pinga cá, desembarco às seis da matina em Santos. Minha referência é o alojamento cedido pelo Sindicato dos Bancários – silêncio matutino, o descanso dos que caminharão. “Abre a porta pra mim, Donde Miras”. Luan sonolento me recebe – a cidade dorme.

Barracas, colchões e cozinha improvisada. Eu descanso da viagem conturbada enquanto aos poucos os caminhantes despertam – feliz reencontro. É o início de mais um ciclo de troca e mutação. As trilhas da América Latina se abrem.


Por Michele Torinelli
http://miradas.soylocoporti.org.br

26 de dez. de 2009

Chegada em Santos

Saímos do Bar do Binho


e já chegamos em Santos



Amanhã Sarau Donde Miras em Santos! Começamos nossa quarta Caminhada Donde Miras! Santos à Parati


22 de dez. de 2009

Saída da Caminhada Cultural dia 26 de Dezembro 14hs




A saída da caminhada 
Trecho Santos - Paraty
saíra do 

Bar do Binho
 R. Avelino Lemos Jr., 60 (em frente à Uniban) -
Campo Limpo. Zona Sul.
Telefone (11) 5844-6521 / 5844-4532

dia 26 de dezembro - sábado - 14hs!


mais infos: 3535-6463 // 5814-0312


Minha Terra

Repousa os pés na estrada

a cada passada
o nosso descanso é cruzar fronteiras
Minha terra tem palmeiras
mas eu nunca vi
tem palmares, tem quilombos
xavante, tupi
Minha terra tem aldeias
mas eu nunca vi
onde o vento é quem semeia
o alimento guarani
Minha terra tem lugares
que eu nunca fui
densas matas, tenros vales
onde a água flui
Minha terra tem estradas
minha terra tem estribos
Sou índio da cidade
desertor de minha tribo
ser urbano jogado no mundo
ser mundano perdido na urbe
um sulamericano perdido
que não quer ser mais um no cardume
Sou vagalume, sou vagalume
vejam minha luz!
Essa terra tem mil deuses
um deles que me conduz
essa terra tem canções
essa terra tem cantigas
mas o ouro dos brasões
veio abrir nossas feridas
Essa terra é muito antiga
essa terra é muito antiga
Repousa os pés na estrada
a cada passada
o nosso descanso
embalado pelo canto
em qualquer canto
desbravando os brasis
se as veias estão abertas
seremos a cicatriz

Poema de Marcus Vinicius (http://versosevasos.blogspot.com), o Mascote da Expedición Donde Miras - Caminhada Cultural pela América Latina (www.expediciondondemiras.blogspot.com).