11 de jun. de 2009

Primeiro Futsarau Tenonde Porã Donde Miras

No nosso encontro tinha um futebol marcado, 15hs, seleção jogando neste horário, e nós jogando num campo próximo da Aldeia Tenonde Porã.

Representávamos o Donde Miras, os jurua, literalmente significando boca com cabelo, os etavakuére, aqueles que são maioria, que são muitos no mundo, os não indios, os com barbas. Eles, os guarani, os índios, os pele vermelhas, os nativos, os daqui, os autoctones, os povos originários mas entre nós os negros, os robinhos, os mulatos, os brancos, os morenos, índios também, talvez não de uma linhagem direta, mas negríndia, branquíndia, e arreparando bem, índia sim, em sangue, em cabelo, em peles.
Como a lingua é pobre para dizer quem somos. Como a lingua divide, nos separa e não nos alcança.
Eles são aqueles que não somos nós, não é isso? "O território é a prisão que os homens constroem para si ".
A bola não sabia o significado de tudo, alguns morrinhos no campo para ajudar, tropeçar e driblar a gravidade. Eu era o goleiro, até estar 3 a 2 para nós, depois fui para a linha, gol nenhum, eles atacavam e defendiam em sua lingua, nós só tínhamos o falar brasileiro, eles tinham a vantagem dos dois idiomas, eram os donos da casa, da bola e DESCOBRIRAM esses campos por aqui antes dos portugueses sinsinhô.
Uma cotoveladinha daqui, uma dividida mais nervosa ali, um carrinho, um foi não foi, saiu não saiu, não tinha juiz, um vamo que vamo e cinco a cinco. Joguinho de cunhados.
Final do jogo. Um amistoso. Será? E muitos correm para assistir ao final do jogo entre Brasil e Uruguai, 4 x 0 deu brasil, e daí?
Nações, nações, planeta das moedas e das cercas," bandeiras que separam quintais" e o que mais não separarão ...?
Binho


1 comentários:

Michele Torinelli disse...

delícia de texto, bonitos caminhos de reflexão. e surge mais uma: se as palavras e territórios catalogam e dividem, "com o carimbo positivo da ciência que aprova e classifica", pq falamos em América Latina? tô tentando desvendar isso dentro de mim... e fora.