A mesma terra abriga os passos de pés diferentes. Pés de todas as cores cadenciam uma caminhada de filas indianas e olhares latinos. É com estes pés na areia que nos desasfaltamos e nos permitimos, então, que nossos ouvidos de ruídos e informações engarrafadas deêm espaço apenas ao trânsito de ondas marítimas.
Despidos de crenças - embora ainda muito crentes - é possível ver ao longe, no horizonte de águas salinas, uma mecha dos cabelos de Nossa Senhora, Janaína-Iemanjá e o rosto dourado de uma caiçara. Sim, é possível ver talvez porque só tenhamos querido ver, querido ver, querido ver.
A terra nunca nos obrigou a exibir passaportes e documentos formais: só ela teria esse direito. Andando com os olhos atentos a ela, podemos ficar mais seguros do fato de que não pertencemos a ela - tampouco ela nos pertence - somos irmãos, paridos talvez dos mesmos pais.
Depois de minhas retinas, minhas pretas meninas e do castanho da orla de meus olhos, tenho uma lente fotográfica e cada vez mais olhos, mais olhos, mais olhos.
Por: Kátia Portes Leão
28 de jul. de 2008
ANDANÇAS
Postado por
EXPEDICIÓN DONDE MIRAS
às
segunda-feira, julho 28, 2008
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2 comentários:
muito bonito, isso, de texto, de poema e de maresia.
adorei o texto. Ficou lindo.
Katinha,
"...então, que nossos ouvidos de ruídos e informações engarrafadas deêm espaço apenas ao trânsito de ondas marítimas."
Adorei teu texto.
Entrar nessa onda foi lubrificante,
oleosamente pura e cristalina.
Reflete, remete à viagem,
ao balanço das ondas do pensamento,
vagueando por caminhos verdes, arenosos, entre palavras e cantorias fomos chegando, passando, conhecendo: eu, à você,
a nós, perdidos na imensidão da Terra.
Beijocas,
DORA.
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