25 de set. de 2009

Sarau Donde Miras no Capão Redondo

Após o despejo da ocupação Olga Benário, no Capão Redondo,
em agosto, mais de 500 famílias ficaram na calçada sem ter pra onde ir.

O CDHEP-Capão e a Expedición Donde Miras
foram até o local para realizar um sarau com as crianças.

Fotos: Kátia Portes Leão








Fotos: Amanda Fraga






A tão esperada projeção: Kiriku e a Feiticeira


Veja as fotos de Paulo Whitaker do despejo:
http://noticias.uol.com.br/album/090824capao_album.jhtm?abrefoto=1

Veja abaixo uma matéria sobre a situação no local após a desocupação:


Folha de São Paulo, Cotidiano - 02/09/09

Favela se muda para calçada e a vida piora ainda mais

370 famílias montaram barracos perto de área da qual foram despejados no Capão Redondo

Moradores vivem sem água ou luz, defecam e urinam em embalagens de sorvete e têm de se revezar nos barracos para dormir


LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL


Luiz Gustavo da Silva Santos, cinco meses, Andressa Conceição, seis meses, Daniela, quatro anos, Jonas, quatro anos, Cauane, três anos, Margarida Souza Ferreira, 36, Cícera da Silva Santos, 33, e Sandra Maria da Conceição, 28, moram desde o dia 24 em um barraco de 4 metros quadrados. Sem água, sem luz, sem banheiro, sem cozinha, dependem da sopa fornecida pela igreja. Defecam e urinam em embalagens de dois litros de sorvete. A descarga é no terreno em frente.
O banho é de favor, com vizinhos mais ricos. Na verdade, são apenas moradores de barracos "normais", que ficam na favela "normal", logo ali. Porque o barraco das mulheres e crianças citadas no início não é desse tipo. Foi erguido com outros 200 ao longo de 630 metros de uma calçada, no que já foi apelidado de "favela-tripa", que abriga cerca de 370 famílias.
Explica-se: no dia 24, o terreno de 34 mil metros quadrados no meio do bairro do Capão Redondo (zona sul), e onde moravam cerca de 800 famílias, foi desocupado pela PM, em cumprimento a uma ordem de reintegração de posse. Ontem, o local, que pertence à Viação Campo Limpo, estava recoberto pelos escombros dos barracos que o preenchiam -pedaços de fogão, boneca queimada, colchão, cadernos chamuscados, garrafas usadas podiam ser vistos entre toneladas de entulhos iluminadas aqui e ali por fogueiras altas. Nenhuma alma.
Do outro lado da rua, bem em frente à destruição, em uma faixa de calçada de 2,5 metros, esticou-se o que sobrou de vida na favela. Um barraco colado ao outro, restos como paredes.

Versinho para Olga
A vida da favela teve de entrar na linha -do meio fio-, mas continua. "Vai acontecer milagre. Milagre. Vai acontecer milagre", repete, às 23h, o sistema de caixas amplificadas da Igreja Pentecostal Águas Vivas. É o pastor Raimundo Medeiros do Nascimento, 45, quem, cercado de obreiras (quatro, superpovoando o seu barraco), anuncia a boa nova. Ele conseguiu salvar a Bíblia, o púlpito que ele mesmo construiu e as caixas amplificadas, além de um pano de cetim vermelho, que decora a igreja de papelão.
Do lado de fora, cerca de cem homens e mulheres perambulam de um lado para outro. São os que terão de passar a noite em claro. Eles só poderão dormir pela manhã, quando acordarem as crianças e os que terão de sair para trabalhar. É que não há lugar para todos nas moradias improvisadas.
Mas aqueles pedreiros, faxineiras, cozinheiros, diaristas, auxiliares de serviços gerais, babás etc não choram ou reclamam. Por volta das 20h, cerca de 300 deles -mais filhos e cachorros- reuniram-se defronte a um barraco decorado com a bandeira vermelha de uma tal Frente de Luta pela Moradia, FLM, um dos vários grupos que organizam a população pobre da periferia de São Paulo para a obtenção de moradia. A negra Felícia Mendes Dias, 50, é a principal liderança.
A Secretaria da Habitação da gestão Gilberto Kassab (DEM) respeita Felícia. "É uma mulher devotada à luta pela moradia", diz um funcionário do governo. Por influência de Felícia, o grupo de despejados na favela-tripa adotou um novo nome: Nova Associação Olga Benário.
Após combinarem como agirão no dia seguinte, quando assistentes da prefeitura viriam conhecer as famílias que deverão receber alguma ajuda, o grupo -punhos erguidos- recitou forte o versinho: "Olga Benário / Lutou contra o nazismo / Construindo o socialismo".
O filme "Olga", do diretor Jayme Monjardim, já passou algumas vezes naquele miolo do Capão Redondo, uma das áreas com pior IDH da cidade.

Gripe sulina?
Com voz mansa, Maria Helena Ferreira, 65, vice-presidente da Olga Benário, é quem organiza o cadastro do pessoal que reivindica ajuda da prefeitura. Incansável, a mulher acordou às 4h para ir ao hospital cardiológico Dante Pazzaneze, na Vila Mariana -ela sofreu um infarto há dois anos-, e às 23h ainda corria de barraco em barraco, conversando, tranquilizando, aconselhando. Aproveitou para comer um pouco da sopa que as paróquias do bairro mandaram para a favela-tripa.
A pequena Meyssa Beatriz Pereira da Silva, um mês e quatro dias de vida, espirra fraquinho. Está gripada. Pergunta-se à mãe, Marisa Silva Santos, 21, se não tem medo da gripe suína. Cabelos curtos, olhar inteligente, ela responde: "Gripe sulina?" Meyssa já foi atendida no posto de saúde do Parque do Engenho, ali perto. Liberada.
"Graças a Deus. A gente só tem de agradecer", diz a doméstica Marinalva Francisca de Jesus Santos, 40. A gratidão é porque não está chovendo em São Paulo nos últimos dias.











21 de set. de 2009

Procura da Poesia

Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.


Drummond

13 de set. de 2009

Invadindo cidades em busca de cultura e diversidade

Beatriz Monteiro

Projeto idealizado por Robson Padial, Binho, Expedición Por Donde Miras percorre cidades do Brasil levando cultura e conhecendo novas formas de arte

Do Campo Limpo a América Latina. Essa era a ideia incial de Binho, conhecido dono do Sarau que leva seu nome no Campo Limpo. “A América Latina parece uma parede, fechada para nós”, comenta Binho. Ao lado de seu amigo, Serginho Poeta, Binho decidiu começar uma caminhada cultural. O que contava apenas com duas pessoas ganhou forma e tornou-se uma expedição. Nasce, portanto, a Expedición Donde Miras- Caminhada Cultural pela América Latina, um projeto que reúne poetas, atores, músicos, dançarinos, artistas plásticos, entre outros. Que saem, a pé, percorrendo outras cidades em busca de um intercâmbio cultural preenchendo espaços públicos encontrados, realizando saraus em praças públicas. “A pé, qualquer pessoa é capaz de acompanhar e faz com que você consiga contemplar e meditar e se tornar parte da paisagem”, define.

Mais de 1000 km percorridos por dois estados brasileiros. São Paulo e Paraná. Desde de 2008, a expedição já realizou três viagens: Pelo Vale do Ribeira, destino final Curitiba. Por lá, passaram por quilombos e aldeias indígenas. Essa primeira expedição durou um mês. O que Binho busca com as caminhadas é levar a arte de um grupo e conhecer a arte do outro. No dia em que chegam na cidade, buscam recrutar artistas e os convidam a misturarem-se a eles. “Não queremos levar cultura, queremos saber o que o outro vem fazendo”, comenta.

Biblioteca sobre rodas

Biblioteca sobre rodas

A segunda edição da expedição foi percorrer aldeias indígenas do litoral paulista, o destino final era Cananéia. A terceira edição a rota caipira, o destino final foi Botucatu. Em média, o grupo costuma caminhar de 20 a 30 km, mas nem sempre juntos. “Sempre tem alguém querendo conversar com algum morador que encontra”, diz. Próximo passo da expedição é, através de patrocínio, cruzar a fronteira do Brasil com o Paraguai, ou quem sabe, Argentina.

Bicicloteca: No Meio do Caminho Tinha um Livro

O projeto de construir uma biblioteca itinerante nasceu quando a expedição estava em Monguaguá. Lá, adquiriram uma por R$ 39 e conseguiram levantar mais de duzentos livros que ofereceram de porta em porta de cada morador da cidade.

O projeto “Bicicloteca: No Meio do Caminho Tinha um Livro” veio para São Paulo e contemplado pelo programa de valorização a cultura- VAI, Campo Limpo, agora, dispõe de duas bibliotecas sobre rodas com livros que podem ser emprestados a qualquer momento. Por ser uma região de morro, a bicicleta percorre até 3 km diários, mas tem um ponto fixo próximo ao ponto de ônibus.

Uma vez, um dos motoristas de ônibus parou enfrente a uma das bicicletas estacionadas e fez uma encomenda: que no acervo tivesse mais livros do autor Edgar Allan Poe. Binho quer colocar uma placa dizendo que a Bicicloteca aceita também encomendas. “O importante é ler. O livro que não voltar é lucro” comenta. O acervo de quatro mil livros da bicicloteca que vai de clássicos da literatura a gibis foram conseguidos através de doações.

Mais de setecentos livros já foram emprestados, ao menos quarenta por dia. A bicloteca está localizada nos pontos de ônibus da Avenida Carlos Lacerda n° 678 e da Estrada do Campo Limpo n° 1.600.


4 de set. de 2009

Sarau DONDE MIRAS no SACOLÃO DAS ARTES

Donde Miras - Babilônia

A Caminhada passando pelo Shopping Campo Limpo

Vídeos da Suzi






A Caminhada, que partiu do Bar do Binho no Campo Limpo até o Sacolão das Artes, Parque Santo Antônio.

Fotos da Suzi







Raíssa


Gunnar Vargas e o Grupo Candearte

O Sarau no Sacolão das Artes - FOI LINDO!!!

19 de ago. de 2009

Seminário Cultura e Protagonismo Social na América Latina


Local: Auditório II do Museu Nacional da República
Data: 03 e 04 de setembro de 2009
A Articulação Latina Americana: Cultura e Política (ALACP) é uma rede de experiências e de comunicação composta por organizações sociais, culturais e de expressões artísticas que visa contribuir para os processos de democratização cultural, construção de valores e símbolos que sejam capazes de mobilizar manifestações e posições de afirmação a favor de uma sociedade mais justa, eqüitativa, sustentável fundada na radicalização e implementação dos Direitos Humanos nas diversas sociedades e povos da América Latina.
Diante disso, a ALACP, em parceria com o Cena Contemporânea - Festival Internacional de Teatro de Brasília e apoio da Secretaria de Cidadania Cultural do Ministério da Cultura estão propondo a realização de um seminário para reunir especialistas e protagonistas para debater propostas conjuntas sobre a legislação cultural a ser discutida no âmbito do Mercosul. A intenção é criar uma legislação regional que possa definir políticas culturais articuladas entre os países do Cone Sul, num primeiro momento, com possibilidades de ampliação para a América do Sul.
Os participantes discutirão temas como: diálogo intercultural, integração regional, oportunidades para um desenvolvimento sustentável, direitos culturais, fortalecimento institucional da cultura e a possibilidade de implantação de um projeto piloto de “Pontos de Cultura” na região do Cone Sul. Serão realizadas três mesas de debates, seguidas de uma sessão de encerramento, com apresentação de resultados e uma proposta de projeto de lei a ser encaminhado para o Parlamento do Mercosul e Parlamentos Nacionais da América do Sul.

Em breve, a programação completa.

www.culturaypolitica.com

7 de ago. de 2009

SARAU DONDE MIRAS NO SACOLÃO DAS ARTES




SARAU DONDE MIRAS NO SACOLÃO DAS ARTES

22 de jul. de 2009

Disculpen la molestia: armados contra los pobres

Pra quem encara um pequeno texto em espanhol...

http://www.rebelion.org/noticia.php?id=88986


Eduardo Galeano
Cubadebate


Si la justicia internacional de veras existe, ¿por qué nunca juzga a los
poderosos? No van presos los autores de las más feroces carnicerías. ¿Será
porque son ellos quienes tienen las llaves de las cárceles?

¿Por qué son intocables las cinco potencias que tienen derecho de veto en
Naciones Unidas? ¿Ese derecho tiene origen divino? ¿Velan por la paz los
que hacen el negocio de la guerra? ¿Es justo que la paz mundial esté a
cargo de las cinco potencias que son las principales productoras de armas?
Sin despreciar a los narcotraficantes, ¿no es éste también un caso de
“crimen organizado”?

Pero no demandan castigo contra los amos del mundo los clamores de quienes
exigen, en todas partes, la pena de muerte. Faltaba más. Los clamores
claman contra los asesinos que usan navajas, no contra los que usan
misiles.

Y uno se pregunta: ya que esos justicieros están tan locos de ganas de
matar, ¿por qué no exigen la pena de muerte contra la injusticia social?
¿Es justo un mundo que cada minuto destina 3 millones de dólares a los
gastos militares, mientras cada minuto mueren 15 niños por hambre o
enfermedad curable? ¿Contra quién se arma, hasta los dientes, la llamada
comunidad internacional? ¿Contra la pobreza o contra los pobres?

¿Por qué los fervorosos de la pena capital no exigen la pena de muerte
contra los valores de la sociedad de consumo, que cotidianamente atentan
contra la seguridad pública? ¿O acaso no invita al crimen el bombardeo de
la publicidad que aturde a millones y millones de jóvenes desempleados, o
mal pagados, repitiéndoles noche y día que ser es tener, tener un
automóvil, tener zapatos de marca, tener, tener, y quien no tiene, no es?

¿Y por qué no se implanta la pena de muerte contra la muerte? El mundo
está organizado al servicio de la muerte. ¿O no fabrica muerte la
industria militar, que devora la mayor parte de nuestros recursos y buena
parte de nuestras energías? Los amos del mundo sólo condenan la violencia
cuando la ejercen otros. Y este monopolio de la violencia se traduce en un
hecho inexplicable para los extraterrestres, y también insoportable para
los terrestres que todavía queremos, contra toda evidencia, sobrevivir:
los humanos somos los únicos animales especializados en el exterminio
mutuo, y hemos desarrollado una tecnología de la destrucción que está
aniquilando, de paso, al planeta y a todos sus habitantes.

Esa tecnología se alimenta del miedo. Es el miedo quien fabrica los
enemigos que justifican el derroche militar y policial. Y en tren de
implantar la pena de muerte, ¿qué tal si condenamos a muerte al miedo? ¿No
sería sano acabar con esta dictadura universal de los asustadores
profesionales? Los sembradores de pánicos nos condenan a la soledad, nos
prohíben la solidaridad: sálvese quien pueda, aplastaos los unos a los
otros, el prójimo es siempre un peligro que acecha, ojo, mucho cuidado,
éste te robará, aquél te violará, ese cochecito de bebé esconde una bomba
musulmana y si esa mujer te mira, esa vecina de aspecto inocente, es
seguro que te contagia la peste porcina.