13 de set. de 2009

Invadindo cidades em busca de cultura e diversidade

Beatriz Monteiro

Projeto idealizado por Robson Padial, Binho, Expedición Por Donde Miras percorre cidades do Brasil levando cultura e conhecendo novas formas de arte

Do Campo Limpo a América Latina. Essa era a ideia incial de Binho, conhecido dono do Sarau que leva seu nome no Campo Limpo. “A América Latina parece uma parede, fechada para nós”, comenta Binho. Ao lado de seu amigo, Serginho Poeta, Binho decidiu começar uma caminhada cultural. O que contava apenas com duas pessoas ganhou forma e tornou-se uma expedição. Nasce, portanto, a Expedición Donde Miras- Caminhada Cultural pela América Latina, um projeto que reúne poetas, atores, músicos, dançarinos, artistas plásticos, entre outros. Que saem, a pé, percorrendo outras cidades em busca de um intercâmbio cultural preenchendo espaços públicos encontrados, realizando saraus em praças públicas. “A pé, qualquer pessoa é capaz de acompanhar e faz com que você consiga contemplar e meditar e se tornar parte da paisagem”, define.

Mais de 1000 km percorridos por dois estados brasileiros. São Paulo e Paraná. Desde de 2008, a expedição já realizou três viagens: Pelo Vale do Ribeira, destino final Curitiba. Por lá, passaram por quilombos e aldeias indígenas. Essa primeira expedição durou um mês. O que Binho busca com as caminhadas é levar a arte de um grupo e conhecer a arte do outro. No dia em que chegam na cidade, buscam recrutar artistas e os convidam a misturarem-se a eles. “Não queremos levar cultura, queremos saber o que o outro vem fazendo”, comenta.

Biblioteca sobre rodas

Biblioteca sobre rodas

A segunda edição da expedição foi percorrer aldeias indígenas do litoral paulista, o destino final era Cananéia. A terceira edição a rota caipira, o destino final foi Botucatu. Em média, o grupo costuma caminhar de 20 a 30 km, mas nem sempre juntos. “Sempre tem alguém querendo conversar com algum morador que encontra”, diz. Próximo passo da expedição é, através de patrocínio, cruzar a fronteira do Brasil com o Paraguai, ou quem sabe, Argentina.

Bicicloteca: No Meio do Caminho Tinha um Livro

O projeto de construir uma biblioteca itinerante nasceu quando a expedição estava em Monguaguá. Lá, adquiriram uma por R$ 39 e conseguiram levantar mais de duzentos livros que ofereceram de porta em porta de cada morador da cidade.

O projeto “Bicicloteca: No Meio do Caminho Tinha um Livro” veio para São Paulo e contemplado pelo programa de valorização a cultura- VAI, Campo Limpo, agora, dispõe de duas bibliotecas sobre rodas com livros que podem ser emprestados a qualquer momento. Por ser uma região de morro, a bicicleta percorre até 3 km diários, mas tem um ponto fixo próximo ao ponto de ônibus.

Uma vez, um dos motoristas de ônibus parou enfrente a uma das bicicletas estacionadas e fez uma encomenda: que no acervo tivesse mais livros do autor Edgar Allan Poe. Binho quer colocar uma placa dizendo que a Bicicloteca aceita também encomendas. “O importante é ler. O livro que não voltar é lucro” comenta. O acervo de quatro mil livros da bicicloteca que vai de clássicos da literatura a gibis foram conseguidos através de doações.

Mais de setecentos livros já foram emprestados, ao menos quarenta por dia. A bicloteca está localizada nos pontos de ônibus da Avenida Carlos Lacerda n° 678 e da Estrada do Campo Limpo n° 1.600.


4 de set. de 2009

Sarau DONDE MIRAS no SACOLÃO DAS ARTES

Donde Miras - Babilônia

A Caminhada passando pelo Shopping Campo Limpo

Vídeos da Suzi






A Caminhada, que partiu do Bar do Binho no Campo Limpo até o Sacolão das Artes, Parque Santo Antônio.

Fotos da Suzi







Raíssa


Gunnar Vargas e o Grupo Candearte

O Sarau no Sacolão das Artes - FOI LINDO!!!

19 de ago. de 2009

Seminário Cultura e Protagonismo Social na América Latina


Local: Auditório II do Museu Nacional da República
Data: 03 e 04 de setembro de 2009
A Articulação Latina Americana: Cultura e Política (ALACP) é uma rede de experiências e de comunicação composta por organizações sociais, culturais e de expressões artísticas que visa contribuir para os processos de democratização cultural, construção de valores e símbolos que sejam capazes de mobilizar manifestações e posições de afirmação a favor de uma sociedade mais justa, eqüitativa, sustentável fundada na radicalização e implementação dos Direitos Humanos nas diversas sociedades e povos da América Latina.
Diante disso, a ALACP, em parceria com o Cena Contemporânea - Festival Internacional de Teatro de Brasília e apoio da Secretaria de Cidadania Cultural do Ministério da Cultura estão propondo a realização de um seminário para reunir especialistas e protagonistas para debater propostas conjuntas sobre a legislação cultural a ser discutida no âmbito do Mercosul. A intenção é criar uma legislação regional que possa definir políticas culturais articuladas entre os países do Cone Sul, num primeiro momento, com possibilidades de ampliação para a América do Sul.
Os participantes discutirão temas como: diálogo intercultural, integração regional, oportunidades para um desenvolvimento sustentável, direitos culturais, fortalecimento institucional da cultura e a possibilidade de implantação de um projeto piloto de “Pontos de Cultura” na região do Cone Sul. Serão realizadas três mesas de debates, seguidas de uma sessão de encerramento, com apresentação de resultados e uma proposta de projeto de lei a ser encaminhado para o Parlamento do Mercosul e Parlamentos Nacionais da América do Sul.

Em breve, a programação completa.

www.culturaypolitica.com

7 de ago. de 2009

SARAU DONDE MIRAS NO SACOLÃO DAS ARTES




SARAU DONDE MIRAS NO SACOLÃO DAS ARTES

22 de jul. de 2009

Disculpen la molestia: armados contra los pobres

Pra quem encara um pequeno texto em espanhol...

http://www.rebelion.org/noticia.php?id=88986


Eduardo Galeano
Cubadebate


Si la justicia internacional de veras existe, ¿por qué nunca juzga a los
poderosos? No van presos los autores de las más feroces carnicerías. ¿Será
porque son ellos quienes tienen las llaves de las cárceles?

¿Por qué son intocables las cinco potencias que tienen derecho de veto en
Naciones Unidas? ¿Ese derecho tiene origen divino? ¿Velan por la paz los
que hacen el negocio de la guerra? ¿Es justo que la paz mundial esté a
cargo de las cinco potencias que son las principales productoras de armas?
Sin despreciar a los narcotraficantes, ¿no es éste también un caso de
“crimen organizado”?

Pero no demandan castigo contra los amos del mundo los clamores de quienes
exigen, en todas partes, la pena de muerte. Faltaba más. Los clamores
claman contra los asesinos que usan navajas, no contra los que usan
misiles.

Y uno se pregunta: ya que esos justicieros están tan locos de ganas de
matar, ¿por qué no exigen la pena de muerte contra la injusticia social?
¿Es justo un mundo que cada minuto destina 3 millones de dólares a los
gastos militares, mientras cada minuto mueren 15 niños por hambre o
enfermedad curable? ¿Contra quién se arma, hasta los dientes, la llamada
comunidad internacional? ¿Contra la pobreza o contra los pobres?

¿Por qué los fervorosos de la pena capital no exigen la pena de muerte
contra los valores de la sociedad de consumo, que cotidianamente atentan
contra la seguridad pública? ¿O acaso no invita al crimen el bombardeo de
la publicidad que aturde a millones y millones de jóvenes desempleados, o
mal pagados, repitiéndoles noche y día que ser es tener, tener un
automóvil, tener zapatos de marca, tener, tener, y quien no tiene, no es?

¿Y por qué no se implanta la pena de muerte contra la muerte? El mundo
está organizado al servicio de la muerte. ¿O no fabrica muerte la
industria militar, que devora la mayor parte de nuestros recursos y buena
parte de nuestras energías? Los amos del mundo sólo condenan la violencia
cuando la ejercen otros. Y este monopolio de la violencia se traduce en un
hecho inexplicable para los extraterrestres, y también insoportable para
los terrestres que todavía queremos, contra toda evidencia, sobrevivir:
los humanos somos los únicos animales especializados en el exterminio
mutuo, y hemos desarrollado una tecnología de la destrucción que está
aniquilando, de paso, al planeta y a todos sus habitantes.

Esa tecnología se alimenta del miedo. Es el miedo quien fabrica los
enemigos que justifican el derroche militar y policial. Y en tren de
implantar la pena de muerte, ¿qué tal si condenamos a muerte al miedo? ¿No
sería sano acabar con esta dictadura universal de los asustadores
profesionales? Los sembradores de pánicos nos condenan a la soledad, nos
prohíben la solidaridad: sálvese quien pueda, aplastaos los unos a los
otros, el prójimo es siempre un peligro que acecha, ojo, mucho cuidado,
éste te robará, aquél te violará, ese cochecito de bebé esconde una bomba
musulmana y si esa mujer te mira, esa vecina de aspecto inocente, es
seguro que te contagia la peste porcina.

5 de jul. de 2009

Festival de Cinema Latino-Americano

O 4º Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo começa na segunda-feira, dia 6, e vai até o dia 12 de julho.

Mais de 100 filmes, representando 16 países, desfilarão pelas telas do Memorial da América Latina, Cinemateca, Cinesesc, MIS e Cinusp. Os moradores do ABC poderão conferir a programação no Teatro Cacilda Becker, em São Bernardo do Campo.

Confira:

www.festlatinosp.com.br.

www.redebrazucah.com.br

2 de jul. de 2009

Kundun Balê: resistência, sincretismo e resgate

O espetáculo "Encanto das Três Raças", resultado do trabalho cultural desenvolvido na comunidade quilombola Paiol de Telha, é exemplo de como a arte pode contribuir para emancipar povos e construir identidades.

Veja a matéria na íntegra.


Camiseta do Kundun Balê - tranças e guias.

Estudos espirituais, culturais, dança e música. Esses são os pilares do trabalho desenvolvido pelo educador e percussionista Orlando Silva junto às crianças e jovens da comunidade quilombola em Guarapuava (PR). Trabalho esse que vem colaborando para que os jovens conheçam e desenvolvam suas origens, que tenham consciência de seus direitos e saibam disputá-los, levando para todos a força e a riqueza de sua cultura.

A meu ver, a iniciativa traduz o que os estudos culturais latino-americanos apontam. Néstor García Canclini, em A socialização da arte - teoria e prática na América Latina, encara a arte não meramente como um objeto de absorção lúdica, mas enxerga sua capacidade de intervenção na realidade, forjando identidades e explorando visões múltiplas, aliadas inevitavelmente ao contexto histórico, social e cultural das obras.

Segundo Canclini, "está ocorrendo, em nosso século, uma transformação tão substancial na concepção da arte, quanto a que ocorreu no Renascimento. Nessa época, passou-se da estética clássica (canônica, artesanal, intelectualista) à concepção moderna (caracterizada pela livre invenção de formas, pela "genialidade" individual dos artistas, pela autonomia das obras e sua contemplação "desinteressada"). Nas últimas décadas, a concepção moderna ou liberal é questionada pelas vanguardas artísticas e por críticas sócio-políticas: de acordo com as mudanças econômicas e sociais que procuram a democratização e o desenvolvimento da participação popular, novas tendências artísticas tratam de substituir o individualismo pela criação coletiva, vêem a obra não mais como o fruto excepcional de um gênio, mas como produto das condições materiais e culturais de cada sociedade, e pedem ao público, em lugar de uma contemplação irracional e passiva, sua participação criadora."

Encanto das Três Raças

O espetáculo iniciou com um canto que pede licença à terra para plantar nela a vida, que geralmente encerra os trabalhos de umbanda. Diversas entidades desta religião afro-brasileira foram homenageadas - não aquela homenagem distante, mas incorporada, resultado da busca pela compreensão das vibrações da natureza. A percursão enérgica ditava a sintonia do espetáculo, transmitindo ritmo aos corpos - negros, mulatos, mamelucos, brancos, indígenas, altos, magros, gordos, baixos, jovens, crianças e velhos - transcendendo padrões estéticos artificiais e valorizando a individualidade em sintonia com o coletivo.


Alegria ao final do show.

Ao final do espetáculo, o auditório, lotado devido à apresentação, emanava satisfação e emoção. No palco, a energia era transbordante, desaguando em euforia e abraços consecutivos, até que artistas e público eram uma coisa só. Uma experiência intensa, autêntica, no sentido de que não é apenas um produto cultural - é o reconhecimento da história de uma gente formada por vários povos, da mistura de nuances, da valorização daquilo que somos e escolhemos ser.

Veja a matéria na íntegra.


Por Michele Torinelli