31 de jul. de 2008

Donde Miras - Natureza Caiçara





Kátia Portes Leão

Andarilhos da pátria




Adriano Soares de porta-bandeira.


Fotos: Michele Torinelli - www.campodemi.blogspot.com

Tenonde Porã












Fotos: Michele Torinelli - www.campodemi.blogspot.com

29 de jul. de 2008

RETROSPECTIVA DONDE MIRAS








Fotos por: Kátia Portes Leão

28 de jul. de 2008

ANDANÇAS

A mesma terra abriga os passos de pés diferentes. Pés de todas as cores cadenciam uma caminhada de filas indianas e olhares latinos. É com estes pés na areia que nos desasfaltamos e nos permitimos, então, que nossos ouvidos de ruídos e informações engarrafadas deêm espaço apenas ao trânsito de ondas marítimas.

Despidos de crenças - embora ainda muito crentes - é possível ver ao longe, no horizonte de águas salinas, uma mecha dos cabelos de Nossa Senhora, Janaína-Iemanjá e o rosto dourado de uma caiçara. Sim, é possível ver talvez porque só tenhamos querido ver, querido ver, querido ver.

A terra nunca nos obrigou a exibir passaportes e documentos formais: só ela teria esse direito. Andando com os olhos atentos a ela, podemos ficar mais seguros do fato de que não pertencemos a ela - tampouco ela nos pertence - somos irmãos, paridos talvez dos mesmos pais.

Depois de minhas retinas, minhas pretas meninas e do castanho da orla de meus olhos, tenho uma lente fotográfica e cada vez mais olhos, mais olhos, mais olhos.


Por: Kátia Portes Leão

20 de jul. de 2008

Donde Miras guarani

Percorrer a América Latina a pé promovendo a cultura. Esse é o objetivo da Expedición Donde Miras, um grupo de mais de 50 pessoas envolvidas direta ou indiretamente com arte. A expedição partiu no dia quatro de julho de São Paulo no segundo trecho de sua caminhada cultural, de São Paulo a Cananéia, contornando o litoral sul paulista. A primeira etapa ocorreu em janeiro deste ano e foi desde São Paulo até Curitiba pelo interior.


Aldeia Tenonde Porã.

O ponto de partida da segunda etapa foi a aldeia guarani Tenonde Porã, situada no bairro paulistano Parelheiros. O aspecto, porém, é de cidadezinha do interior - nem vestígios do ar da metrópole.
O grupo foi recebido com biju, mandioca, milho e batata doce, e recebeu a proteção guarani no ritual na Casa de Reza, entre dança, cantos e fumaça.


Milho na brasa.

A trilha
No dia seguinte, integrantes da aldeia guiaram a expedição numa trilha no meio da mata até a aldeia guarani Rio Branco, a trinta quilômetros de distância. Foram doze horas de caminhada passando por ruas de chão batido, trilho de trem e a decida da Serra do Mar em plena Mata Atlântica.


Trilho do trem.

A noite caiu e a trilha não acabava. Um grupo encontrou outra aldeia guarani na qual a maioria dos habitantes não fala português. As crianças se divertiram com os numerosos viajantes, apesar de não se comunicarem no mesmo idioma. Os adultos se mostraram mais cautelosos, mas permitiram que se acendesse uma fogueira até a chegada dos retardatários.

Com todos reunidos novamente, era hora de atravessar o rio, último obstáculo para chegar ao próximo destino, a aldeia Rio Branco, já no município de Itanhaém. O rio estava baixo. Uma corda foi estendida de ponta a ponta e, sob a luz das lanternas, os caminhantes cruzaram as águas e, exaustos, chegaram à aldeia. Apesar do cansaço, um breve sarau foi realizado à noite.


Integrantes da expedição descendo a serra.

Muitas dores nos pés, pernas e coluna - menos para os guaranis. Eles descem a serra correndo, demonstrando imensa intimidade com a mata nativa. Contaram que, em ritmo acelerado, realizam o mesmo percurso em quatro horas, um terço do tempo que levamos.


Dois de nossos guias guaranis.

A trilha percorrida integra o Peabirú, caminho guarani que permitia a comunicação entre diversas aldeias desde o Atlântico até o Pacífico, e posteriormente foi utilizado pelos jesuítas e bandeirantes. O Peabirú parte de São Vicente e passa por Paraguai, Argentina, Bolívia e Peru.


Michele Torinelli.

Questão guarani

Ao passar por aldeias guaranis, algumas questões inevitavelmente vêm à tona. Eles vivem praticamente isolados, em territórios determinados e protegidos - uma grande prisão para que tenham a possibilidade de conservar sua cultura

Os guaranis, nativos de grande parte do território brasileiro, foram mortos, escravizados, roubados, aculturados e hoje vivem de cestas básicas do governo. Com valores completamente diversos daqueles vigentes em nossa sociedade capitalista, foram banidos desse tempo. Vivem à margem da sociedade, atrás de cercas, para que não tomem o pouco que lhes sobrou.


Menino na Aldeia Rio Branco, Itanhaém.

Martim Afonso, o primeiro escravagista do Brasil, é tido como herói e tem seu nome em ruas e instituições públicas. Já os índios mortos foram esquecidos. Não sabemos da cultura indígena. No dia do índio as crianças colocam cocares como o fariam com qualquer fantasia de carnaval. A sociedade "branca" nega suas origens.

Os jesuítas também têm seus nomes em ruas e são lembrados como nobres homens que trouxeram a palavra de Deus aos índios selvagens. Padre Anchieta conta com milhares de devotos. Mas que direito o homem branco tinha de trazer sua verdade como A Verdade, que Deus é esse que priva o homem de sua cultura e suas crenças? Ouvi uma história de um guarani que virou crente e chorava desesperadamente porque acreditava que todos os seus antepassados estavam no inferno.

Os guaranis nos mostraram sua receptividade, seu sorriso fácil, sua harmonia com a natureza e a capacidade física natural do homem, que o povo da urbes esqueceu sentado no sofá em frente à TV. Também nos mostraram as imensas dificuldades que enfrentam, a pobreza, o alcoolismo e a falta de identidade cultural daqueles que não são nem rurais nem urbanos, no limbo entre sua ancestralidade guarani e a civilização atual. A sociedade enterrou o índio, mas ele está vivo, sufocando. Seus gritos são ouvidos, vindos debaixo da terra. É hora de descavar.

Michele Torinelli.

Fazendo biju



Michele Torinelli.

Urucum









Michele Torinelli.

19 de jul. de 2008

BICICLOTECA - Donde Miras





Andando de bike EU VOU

Levando os livros que alguém doou

Lembrando da alegria que ficou

Daquela criança que o livro pegou


Bicicloteca fazendo sua parte

De cidade em cidade

Buscando seus costumes

Conhecendo suas artes


Somos nós, Donde Miras

que pedimos, que façam sua parte

Busquem a leitura

Poesia é arte!


Bira

Expedición Donde Miras

Jul./2008


Foto: Kátia Portes Leão

Momento em que exibimos "Zumbi Somos Nós" na praça de Barra do Ribeira

Pegamos uma balsa para entrar em Barra do Ribeira (parte de Iguape) onde exibiríamos um filme logo mais...




















E encontramos um belíssimo caminho a nossa frente...




Prosseguimos na caminhada rumo a Barra do Ribeira

...


Toninho Poeta vestido para a cena que apresentaria no sarau de Peruíbe: O Mendigo e as Madames com participação de Joana, Marivone e Ciça


Sarau em Peruíbe - Sr. Hans





Exibição de Leonel - O Pé de Vento em Peruíbe

Oficina de Hip Hop/Free Style com Pocket Show de Zinho Trindade em Peruíbe


Fotos: Kátia Portes Leão

FOTOS - Caminho para Peruíbe





Fotos: Raíssa Corso